Podeis
considerar-me um tanto desenquadrado do tempo em que estamos, desta
época onde tudo é rápido e acessível e imediato e efémero. Sim,
podeis. E tendes toda a razão. Conheço-me e não me integro nesta
desvirtuosa realidade. Mas também não pretendo esgotar-me, remando
contra a maré. Pelo contrário, retiro-me desse mar... Opto pela
aridez da terra seca e quente, pelo caminho das pedras. E faço,
assim, o meu caminho. Aconteço pelo caminho. Faço-me caminho e a
caminho. E, não querendo entrar neste jogo previsível de musical
repetição, atrevo-me nas palavras do poeta:
Sim,
sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,...
Quanto
fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto
quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto
amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
Saudade...
Essa palavra que me desarma e me leva a escrever todas estas cartas
(ridículas cartas de amor). Todo este latim é por vós e para vós.
Vós, minha predilecta ária de Puccini, que, certamente, jamais, em
tempo algum, ireis ter conhecimento destas solitárias redacções.
Ainda
que a resposta seja “destinatário em parte incerta”, cada uma
destas palavras é remetida através do vento, endereçada a vós.
Sempre
vosso,
Barão
K.
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